sábado, 30 de maio de 2009

Foto: Dr.Carlos Gama e Dr.Gelson

Roseana Sarney será internada na terça

A governadora Roseana Sarney (PMDB) se afastará do cargo na próxima terça-feira (2), quando se internará no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para se submeter a uma cirurgia de correção de aneurisma cerebral, prevista para ocorrer na quinta-feira (dia 4). A expectativa é que sua licença médica dure de 25 a 30 dias. Nesse período, o vice-governador João Alberto de Sousa (PMDB) assumirá o comando do Executivo maranhense.
Roseana Sarney, que completará 56 anos nesta segunda-feira (1º), fará uma série de exames pré-operatórios nos dois primeiros dias de internação. Entre os procedimentos, ela se submeterá a uma angiografia, cuja finalidade é verificar o grau de dilatação da artéria cerebral (aneurisma). A confirmação do check-up foi feita pelo médico de Roseana Sarney, o cardiologista e diretor do Hospital UDI, Carlos Gama.
Ele explicou que esses (os) exames são fundamentais para que a equipe médica do Hospital Einstein, sob a responsabilidade do neurocirurgião Evandro de Oliveira, avalie a evolução do quadro clínico da paciente. O diagnóstico do aneurisma foi feito há alguns meses, desde então se optou por um tratamento cirúrgico, cuja finalidade é excluir a dilatação da artéria, explicou Carlos Gama, que acompanhará a cirurgia em São Paulo. O médico afirmou que Roseana Sarney está clinicamente bem, com pressão controlada. Mesmo assim fará uma angiografia cerebral, que atestará o diagnóstico, adiantou.
Segundo detalhou o neurocirurgião Gelson Soeira, chefe do Serviço de Neurocirugia do Hospital UDI, o aneurisma cerebral diagnosticado está localizado na região da artéria comunicante anterior e tem atualmente 6,7mm. A intervenção cirúrgica foi recomendada por causa do risco de sangramento na região, o que pode ocasionar à paciente sintomas que vão desde uma dor de cabeça até um acidente vascular cerebral (AVC) ou coma.
A cirurgia e a localização do aneurisma não são tão simples, mas, o procedimento não é um dos mais complicados. No caso de não sangramento do aneurisma, que é a situação de Roseana Sarney, o risco de complicações intro ou pós-operatória é de cerca de 1%. É claro que qualquer cirurgia tem riscos, mas o de seqüelas é muito pequeno, afirmou Soeira, ao analisar a ressonância magnética cerebral, feita por Roseana no último dia 27 de março último.
A operação, segundo os médicos, deve durar de três a cinco horas. Na avaliação do cardiologista Carlos Gama, depois de submetida à cirurgia, a governadora deverá permanecer de três dias a uma semana no hospital.

21ª cirurgia

Essa será a 21ª cirurgia da governadora Roseana Sarney. Na intervenção à qual será submetida, é realizada uma craniotomia (abertura do cérebro) e colocados clipes de titânio no ponto em que se encontra o aneurisma (bolsa de sangue). O procedimento permite a oclusão da bolsa, evitando que o aneurisma se rompa ou que haja um resangramento. Dissecando a artéria e colocando-se os clipes, o paciente fica curado, garantiu o neurocirurgião Gelson Soeira.
Roseana Sarney descobriu a doença no cérebro durante um check-up de rotina, realizado no dia 17 de novembro de 2008, em São Paulo. Quatro anos antes, ela havia feito os mesmos exames no cérebro e não apareceu qualquer tipo de irregularidade.
A governadora foi operada pela primeira vez em 1973, aos 19 anos, quando removeu o apêndice e um cisto no ovário. Nos anos de 1977 e 1979, ela passou por mais duas cirurgias de ovário. Ao cair de um patinete, quando brincava com um neto, Roseana quebrou o pulso da mão direita e teve de ser operada para instalar pinos. Depois, ela voltou à mesa de cirurgia para a retirada dos pinos.
No check-up mais recente, Roseana, também, retirou uma pinta próxima ao nariz, que foi considerada arriscada. Durante o período de preparação para a cirurgia, ela não pode segurar peso nem se estressar. A governadora parou de fumar após a descoberta do aneurisma e para facilitar a preparação pré-operatória.


Os riscos do aneurisma

O aneurisma cerebral é uma dilatação anormal de uma artéria cerebral que pode levar a ruptura no local enfraquecido. A doença pode ser comparada à uma dilatação ou irregularidade na câmara de um pneu. Formam-se bolsas na superfície da câmara e em um destes locais há ruptura da mesma com perda de ar sob pressão.
Nos indivíduos que têm aneurisma cerebral há a ruptura desta irregularidade da artéria cerebral e vazamento de sangue para um espaço que existe no cérebro, chamado de subaracnóide. O rompimento de um aneurisma cerebral leva quase um terço dos pacientes à morte. A doença pode se manifestar durante toda a vida, mas é mais freqüente entre a quarta e quinta década de vida.
Muitas pessoas nascem com aneurismas cerebrais, os chamados congênitos, os quais, ao longo da vida, podem aumentar e romper. Existem fatores de risco como parentesco de sangue próximo ao de alguém que já teve aneurisma, principalmente irmãos. Outros fatores de risco são hipertensão arterial, dislipidemias (alteração do colesterol e triglicerídeos), doenças do colágeno, diabete mélito (açúcar no sangue) e fumo.
O sintoma mais comum é uma dor de cabeça de grande intensidade acompanhada de vômito, convulsões e perda de consciência. Alguns pacientes desenvolvem ptose palpebral (queda súbita da pálpebra) acompanhado de cefaléia. Outros têm perda progressiva da visão por comprometimento do nervo óptico por compressão do aneurisma.
O principal risco do aneurisma é o seu rompimento, com consequente hemorragia na capa do cérebro (meninge) causando a hemorragia subaracnóide. Quando o aneurisma rompe dentro da massa cerebral causa o hematoma. Estas situações são popularmente conhecidas como derrame cerebral.
Estima-se que 30% das pessoas que apresentam ruptura do aneurisma morrem sem ter tempo de atendimento médico. Dos que conseguem sobreviver ao sangramento inicial (derrame), a metade não sobrevive ou fica com seqüelas.

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